Compare os principais vidros opacos, que fornecem privacidade parcial e luz translúcida agradável. Entenda porque os vidros acidatos se apresentam como substitutos naturais dos vidros impressos.
No início de 2018 o mercado recebia, chocado, a informação de que a União Brasileira de Vidros, mais conhecida como UBV, encerrava suas atividades de produção de vidros impressos no Brasil. Na época, avaliaram, não havia espaço para dois produtores nacionais diante da queda de consumo desse tipo de vidro. E agora, temos a notícia de fechamento da fábrica da Saint-Gobain Glass, na cidade de São Vicente (SP), que fabricava vidros impressos desde 1937. Ela deixará de produzir em março, com a produção sendo transferida para a unidade produtiva da Cebrace Barra Velha.
Diante de incertezas com a produção e o fornecimento dessa linha de vidros, que até então era a principal opção semitransparentes e translúcidos, destacam-se os vidros opacados a ácido, denominados acidatos. Seriam eles os substitutos naturais aos vidros impressos?
Vidros centenários
Os vidros impressos são produzidos há mais de um século. E, até março deste ano 2023, através de rolos estampados. Eles imprimem em uma massa vítrea padrões de desenhos e são muito apreciados, principalmente por suas texturas que limitam a visão de um lado para outro, promovendo privacidade parcial aliada a transmissão de luz translúcida e agradável.
Com o fim da UBV a Saint-Gobain Glass tornou-se a única fabricante no Brasil, porém, já não produzia em escala as espessuras 7/8 mm, que eram as mais utilizadas em boxes para banheiros. Estas eram produzidas somente mediante demanda.
Acidados
Já faz algum tempo que alguns distribuidores de vidro e transformadores (temperadores e laminadores) estão preferindo trabalhar com vidros acidatos em substituição aos vidros impressos. Os motivos para essa mudança são cinco: fornecimento simplificado, variedade em espessuras, versatilidade, variedade de cores, padrão único, preço e aceitação pelos consumidores finais.
A única fabricante de vidros acidatos no Brasil é a Aci-Datos. Existem produtores clandestinos, entretanto, não oferecem qualidade padronizada isenta de manchas e não atendem às especificações necessárias de tratamento de resíduos em efluentes que a legislação exige para quem trabalha com o ácido fluorídrico.
Fornecimento simplificado
O primeiro motivo que explica a preferência pelos acidatos é o fornecimento mais simples, pois, para se comprar esses vidros fosqueados a ácido da única fabricante do Brasil, basta se fazer o pedido mínimo de uma chapa. A empresa ainda oferece a opção de a empresa levar seus próprios vidros, para contratação apenas da mão-de-obra de acidação, na unidade produtiva instalada na cidade de Curitiba (PR). Já a compra de impressos exige quantidade mínima de cada padrão ou textura.
Variedade em espessuras
A produção de acidados permite a acidação em qualquer espessura. Esse fator é muito importante para o mercado, pois permite o fornecimento de peças pequenas para a indústria moveleira, por exemplo, que costuma utilizar vidros opacos em portas de armários de cozinha. Passa por vidros com espessuras de 8 mm e 10 mm, espessuras mais utilizadas na construção civil, em portas e janelas. E pode chegar até à espessura de 19 mm, que é a maior medida produzida pelos fabricantes de float, usados principalmente em tampos de mesa.
No caso dos vidros impressos não existe tantas possibilidades de espessuras, sendo que alguns padrões nem mesmo são produzidos em 7/8 mm.
Versatilidade
O vidro acidato pode ser temperado, laminado e pintado. Pode compor vidros insulados, pode ser aplicado em revestimentos, divisórias, pode compor laminados de temperados em guarda-corpos, coberturas e pisos.
Variedade de cores
É possível acidar todos os vidros coloridos na massa do mercado nacional. Isso inclui os vidros verde, fumê (cinza) e bronze. Além disso, é possível acidar também espelhos, gerando os vidros argentados, nas cores prata, verde, cinza, bronze e âmbar.
Vidros argentados são muito apreciados pelos designers de interiores e pela indústria moveleira, podendo ser aplicados em tampos, portas, paredes e revestimentos de móveis e divisórias.
Padrão único
Os vidros impressos são fornecidos em duas dezenas de padrões. Essa variedade pode agradar aos designers, porém exige, por parte dos distribuidores e transformadores, a manutenção de grandes estoques, mesmo que alguns não possuam boa rotatividade.
Os acidados por sua vez, possuem padrão único, geralmente cobertura total, que agrada pelo toque acetinado e por sua facilidade de limpeza.
Preço
A facilidade na comercialização dos vidros acidatos, que podem ser comprados em chapas ou levados para serem acidados com cobrança somente da mão-de-obra, além da facilidade de negociação com a Aci-Datos, que concede descontos para grandes volumes, permite que, na maioria dos casos, os vidros acidatos, para distribuidores e transformadores, possam ter menor custo por metro quadrado que os impressos, dependendo da região em que é comercializado.
Curiosamente, o vidro impresso já foi, em passado recente, um vidro popular. Seu preço era inferior ao do vidro float. Na época a única fabricante de vidros no Brasil era a Cebrace. Com a chegada de concorrentes na produção de float ao Brasil, entretanto, o preço do float foi baixando na comparação com o impresso. Atualmente são quatro fabricantes de vidro float instalados no país (AGC, Cebrace, Guardian e Vivix).
Ótima aceitação
Vidros acidatos possuem ótima aceitação por parte dos consumidores finais, arquitetos e designers. O que lhe falta é divulgação adequada, demonstrando suas vantagens e divulgando seu ótimo custo-benefício, incluindo toque acetinado e facilidade de limpeza. Por suas vantagens torna-se o melhor candidato na hipótese de substituição natural dos vidros impressos.